O sono do bebé é um tema delicado e muitas vezes obsessivo para muitos pais e mães. E porquê?
A forma como observamos o sono dos bebés deve-se a valores culturais, suposições e ideologias, não à ciência.
A evolução do sono do bebé
O antropólogo McKenna propõe que bebés e pais durmam juntos com segurança (o que ele chamou em inglês de “breastsleeping”, algo como “dormir no peito”, em português).
Ele explica que, por séculos, não foi apenas comum, mas também necessário, que os bebés dormissem com as suas famílias. Sem eletricidade nem aquecimento (ou, muitas vezes, sem quartos vagos), ficar perto das mães era conveniente, protegia os bebés e facilitava a amamentação. E, na maior parte das culturas, esta forma de entender o sono permanece.
“Antes do século 19, o sono dos bebés geralmente não era preocupante para os novos pais e os livros da época não mencionavam nada sobre o sono”, escrevem as antropólogas Jennifer G. Rosier e Tracy Cassels.
“Quando um bebê acordava”, segundo elas, “havia um membro da família acordado e pronto para cuidar dele ou um familiar dormindo ao lado do bebé que podia atendê-lo rapidamente. Havia também a compreensão de que os bebés (e adultos) dormiam quando precisavam dormir e ficavam acordados quando precisavam ficar acordados.”
Com os anos 1800, veio a Revolução Industrial e, com ela, uma classe média em crescimento e por isso dias de trabalho mais longos que significavam maior necessidade de dormir sem interrupções à noite.
A urbanização aumentou a quantidade de novos pais a viver longe do apoio das suas famílias e os médicos homens – que acreditavam que ter diversas pessoas no mesmo quarto para dormir poderia “envenenar” o ar – começaram a substituir a orientação das mães e parteiras. Novos livros enfatizavam a necessidade de cronogramas de sono rígidos e de fazer os bebés dormirem sozinhos para que se tornassem fortes e independentes.
Atualmente, muitos pais cansados informam-se com livros sobre o sono dos bebés ou instrutores do sono, que também vêm ganhando popularidade. Mas muitos livros não são baseados em evidências e a indústria da instrução sobre o sono não sofre regulamentação. Por isso, qualquer pessoa pode intitular-se especialista no sono.
Conclusões
O maior e mais prejudicial equívoco sobre o sono dos bebés pode ser simplesmente acreditar que existe apenas uma abordagem correta sobre como os bebés deveriam dormir.
“Famílias diferentes podem ter diferentes necessidades e preferências, e adotar estratégias diferentes sobre o sono dos bebês”, afirma Alice Gregory. “E está tudo bem, desde que a segurança do bebé seja sempre colocada no centro das decisões!”
Para qualquer dúvida sobre o tema do sono do bebé devem se assegurar que procuram fontes de informação seguras e atualizadas!